. cuidado com as entrelinhas
. nem tudo o que está escrito é o que parece ser
. eis um palpite
. . Li no Blog do Josias da Folha Online a postagem "Maioria de Santa Cruz votou a favor de autonomia".
. . . Não concordo com a opinião dele, mas em se tratando de blog ele tem o direito de dar a opinião que quiser e parece que ele torce pela vitória separatista do Departamento de Santa Cruz. Pois ele diz:
"[...] O resultado da pesquisa de boca de urna indica que 85,9% dos habitantes do pedaço mais rico da Bolívia votaram a favor da autonomia administrativa e financeira em relação ao governo de La Paz. O presidente Evo Morales tem agora um problemão para administrar. Ele tacha o referendo de ilegal. Alega que não pode ser reconhecido. Porém, confirmando-se o resultado acachapante, há uma realidade de fato. Que não pode ser ignorada."
. . . Escrevi um comentário na postagem alertando-o que na própria Folha Online foi publicada a seguinte matéria: "Populares festejam vitória do "Sim" no referendo de Santa Cruz, na Bolívia (04/05/2008 - 21h20)", um pouco mais cuidadosa onde se diz que:
"[...] os 85% dos votos anunciados pela mídia não levariam em conta o abstencionismo, os votos brancos e nulos, que somam quase 50% do total de inscritos. [...] Citando dados da rede católica Fides e da rede de televisão ATB, Canelas [Iván Canelas, porta-voz do governo] disse que de um total de 935.000 eleitores, cerca de 400.000 (40%) não compareceram às urnas, aos quais seria preciso somar os votos em branco e nulos."
. . . Realizando os cálculos com base na matéria da Folha Online chegamos ao seguinte resultado. De 935.000 eleitores do Departamento de Santa Cruz votaram 535.000 (subtraindo os 400.000 que não votaram). Destes 85% votaram pelo sim (454.750 votaram sim), o que representa 48% do total de eleitores (935.000). Ou seja, fazendo-se as contas o "resultado acachapante" assinalado pelo Josias não foi tão acachapante assim. Teoricamente menos da metade votou sim. Note-se que o resultado oficial ainda não foi divulgado e os 85,9% é resultado do boca-de-urna, portanto sem rigor de apuração. Os precipitados fazem uma irresponsável futurologia julgando o resultado de uma eleição por antecipação.
. . . Parece que o jornalista tenta induzir a leitura escrevendo um texto como se fosse apenas uma notícia mas embutindo no texto sua opinião através de conclusões camufladas como "resultado acachapante", por exemplo.