quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

campeonato brasileiro de ...



Toda discussão sobre a votação da CPMF e outras "batalhas" que acontecem nas casas legislativas espalhadas pelo país, com ou contra o executivo, reverberam pela sociedade de diversas formas.

Há, sim, discussões conduzidas por gente gabaritada e que tornam o debate interessante.

Mas o que me interessa no momento é uma outra linha de debate, que espantosamente, toma conta quase totalmente da, digamos, "grande mídia". Me refiro aos principais jornais e revistas.

Essa linha de debates é conduzida por gente que geralmente não entende nada do que fala/escreve, não lê, e não raciocina, ou seja, colecionadores de nãos.

Ou então faz tudo isso, tem boa capacidade de síntese, consegue estruturar bons textos, mas possuí uma indomável leviandade.

Esses comentaristas sem critério soltos por aí, geram por sua vez uma quantidade enorme de sub-opiniões. Afinal eles são os formadores de opinião, certo?

O público em geral, ou o povo, iletrado, semi-alfabetizado, ou analfabeto funcional, como é de fato a maioria do povo brasileiro, veste o papel de, como podemos chamar, "papagaio de pirata".

Os debates deixam então o patamar racional, donde não deveriam sair, pelo menos em se tratando de política, já que vivemos num Estado democrático, laico, etc, e mergulham de cabeça no passional.

Com o intuito de embolar ainda mais, muitos desses pseudo-analistas/jornalistas, atiram para todos lados e, sobretudo, transformam assuntos que seriam adjacentes em prioritários.

Bom, os tais papagaios de pirata, que não conseguem distingüir isto daquilo, fazem uma enorme confusão, trocando o que deveria ser abordado pelo que tem pouca ou nenhuma importância.

As importantes discussões nacionais em torno de importantes decisões que afetarão a vida dos brasileiros, às vezes por muitos anos no futuro, acabam se tornando muito parecidas com os programas de TV que discutem futebol de domingo à noite.

Todos falam bobagem ao mesmo tempo e o tempo todo, nunca chegando ao consenso de idéias e a novas e aprimoradas soluções.

Esse meu argumento está bem representado em falas do tipo:

- O Fulano, quando governou, fez isso e aquilo.
- O Beltrano, que aí está não fez nada que prestasse.
- Este governo é melhor/pior que o anterior.

e por aí vai.

Uma discussão mais profunda deve evitar os argumentos de mera constatação obreira. Não importa que este ou aquele político fez ou não fez alguma coisa. Não importa quem está de plantão nos governos estaduais, nas prefeituras e na presidência. Tampouco importam as "benfeitorias" do plantonista.

Para ser uma discussão realmente madura tem que ser pautada no entendimento das questões e das resoluções.

É preciso mais pragmatismo.

Tomando a votação da CPMF como exemplo. Os senadores da oposição e da situação discutiram toda sorte de argumentos contra e pró imposto, mas sempre pensando no próprio umbigo, ou seja, nas eleições de 2008 e 2010. Foram poucas questões técnicas à respeito do imposto. Ninguém teve a preocupação de analisar friamente as vantagens e desvantagens de tal imposto para decidir se traz mais benefícios, ou se mais atrapalha. A não prorrogação do imposto também esteve desprovida de qualquer estudo, cronograma e método.


Só para testar o "seu" senador, aquele que você votou com tanto carinho nas últimas eleições, pergunte para ele o que ele pensa se cortasse todos os benefícios extra salário que ele recebe, tais como auxílio-terno, passagens de Brasília para o Estado de origem, auxílio-moradia, carro-oficial, e por aía vai. De repente o senador, sem programação nenhuma, da noite para o dia, teria que viver "apenas" do mísero salário (não se esqueça que os senadores recebem salários extras duas vezes ao ano, uma no início e outra no final do ano legislativo, além do décimo-terceiro. Assim, na prática, cada congressista recebe 15 salários por ano).


Pense que POLÍTICO É TEMPORÁRIO,
o BRASIL É PERMANENTE.


A democracia deve levar ao consenso, ou então pra que serve?



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