quarta-feira, 29 de abril de 2009

Reciclar é uma Maravilha


do ADITAL 

29.04.09 - BRASIL 

Reciclar é uma Maravilha:
trabalho em defesa do meio ambiente

Fortaleza - Adital -
Ferro, papel e plástico. Esses são os principais materiais recolhidos por recicladores e recicladoras do grupo Reciclar é uma Maravilha. Formado há mais de cinco anos por moradores da Favela Maravilha - hoje residentes no Conjunto Habitacional Planalto Universo, no bairro Vila União - em Fortaleza (CE), o grupo busca melhorar a situação dos recicladores e conscientizar a população sobre a importância da reciclagem para a preservação do meio ambiente.

De acordo com Maria de Fátima Albuquerque (mais conhecida como Ronaldinha), líder do Reciclar é uma Maravilha, atualmente os 14 participantes do grupo saem às ruas com as carroças, recolhem os materiais e os guardam em casa até o momento de vender. Para melhorar essa situação, Ronaldinha explica que o grupo está estudando uma proposta de construção de um galpão no bairro. Dessa forma, os recicladores ficariam no galpão recebendo e separando as doações de materiais deixadas pelas pessoas no local.

Além da construção do galpão, Ronaldinha comenta que o próximo desafio do grupo é torna-se uma Associação. Ela comenta que, atualmente, o Reciclar é uma Maravilha é somente um grupo, não tendo nenhuma regulamentação. Ela explica que é importante o grupo se transformar em uma associação para passar a receber a coleta seletiva.

Para a líder, um dos principais desafios enfrentados pelos trabalhadores ainda é o preconceito. "As pessoas tratam a gente como uma coisa sem valor", queixa-se. Ela ressalta que falta uma maior consciência das pessoas em relação à importância do trabalho do reciclador para a sociedade e para o meio ambiente. "A população de Fortaleza precisa reconhecer o nosso trabalho", comenta.

Ela comenta que também é importante as pessoas e as autoridades apoiarem os trabalhadores e perceberem a importância da coleta seletiva. Ela explica que, por onde passa, conversa com as pessoas sobre a separação de material para reciclagem. "É importante essa separação para o catador não precisar rasgar o saco de lixo no meio da rua", comenta.

As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF 2008.


Em Alagoas, barragens subterrâneas são opções para convivência com o semiárido


do ADITAL 


29.04.09 - BRASIL 
Em Alagoas,
barragens subterrâneas são opções
para convivência com o semiárido

Em Alagoas, os produtores rurais contam com mais uma tecnologia social favorável à convivência com o semiárido: as barragens subterrâneas. O clima marca o Nordeste brasileiro (8 estados), além do Norte de Minas Gerais, que fica no Sudeste, afetando mais de 35 milhões de pessoas.

Atingidos por longos períodos de estiagem, o poder público e os moradores da região buscam diversas soluções, como barragens superficiais (açudes) e, de forma mais forte nos últimos anos, as cisternas de placas.

Após ter contato com a nova tecnologia em outros estados, o Movimento Minha Terra (MMT) se dispôs a levar os conhecimentos para os produtores rurais de assentamentos nos municípios de Cacimbinhas e Dois Riachos, no Sertão alagoano.

A partir de uma primeira experiência, em 2007, de construção de uma barragem subterrânea com recursos próprios, a ONG apresentou uma proposta ao Banco do Nordeste do Brasil (BNB). O projeto Barragem Subterrânea para Produção Agroecológica no Semiárido, aprovado ano passado, deu apoio para a construção de quatro unidades.

No começo do projeto, depois de mobilizar 25 famílias com a cooperação de associações de trabalhadores rurais, foram escolhidas as beneficiadas.

As "ilhas úmidas", como são chamadas, são depósitos construídos na faixa de terra conhecida como aluvião (local onde repousam os sedimentos dos rios). O presidente do MMT, Claudeílson Monteiro de Araújo, explica que a "arquitetura" desse tipo de barragem utiliza a técnica de interceptação do fluxo de água que corre abaixo da superfície de rios.

Os resultados alcançados com essas estruturas têm demonstrado maior capacidade de armazenamento no período chuvoso da região, que normalmente dura quatro meses - de março a junho.

O procedimento consiste na escavação de uma vala perpendicular ao sentido do curso d’água, que é coberta por uma resistente lona plástica. Com a passagem de água por cima da terra, a água infiltrada é retida, funcionando como reservatório. Essa água abastece cacimbas feitas dentro da própria barragem, também conhecidas como "poços amazonas".

As principais vantagens são a acumulação de água com reduzida evaporação, menor risco de salinização a liberação de áreas agricultáveis, normalmente cobertas com água nos reservatórios de acumulação superficial. Outro ponto positivo é baixo custo exigido para construção.

De acordo com Claudeílson de Araújo, esses reservatórios são utilizados no período mais seco do ano, que na região chega a estender-se por nove meses. A água é destinada à irrigação de fruteiras e verduras, ao consumo humano e à produção de pastagem para os animais, em especial o capim de corte e a palma forrageira.

Ele acrescenta que as famílias também são incentivadas e orientadas para montar hortas caseiras, ainda que não sejam utilizadas como sustentação econômica. A preocupação do coordenador do projeto é a recorrente migração dos agricultores nos períodos de seca. "Muitas vezes, eles abandonam as terras para ir trabalhar no Sudeste", afirma Claudeílson.

Outra base da proposta da ONG é o desenvolvimento de práticas agroecológicas junto aos sertanejos. "Essa mudança é o mais difícil para que eles saiam dos métodos convencionais", observa.

O presidente da entidade diz que está em fase final de produção um vídeo com o relato dos agricultores que montaram as estruturas. Outro documentário deve ser realizado após a quadra invernosa para que seja feito um comparativo entre "o antes e o depois" da instalação das barragens subterrâneas.

Além do projeto apoiado pelo BNB, o Movimento Minha Terra mantém uma parceria com o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Alagoas para trabalhar educação ambiental e ações de preservação por meio do projeto Agroflorestação.

As ações procuram despertar a população dos assentamentos para a importância da biodiversidade e da vegetação da Caatinga e Mata Atlântica.

As matérias do projeto "Boas Ideias em Comunicação" são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).